DE VOLTA PARA O FUTURO por Pablo Pais
Um plano sequência mostra vários relógios (tem cuco, rádio relógio, animais que mexem os olhos, inclusive um deles com um boneco agarrado aos ponteiros – humm! Te lembra alguma coisa?). Aparece ali um recorte de jornal sobre a destruição da mansão Brown, fotos de renomados cientistas (Thomas Edison, Benjamin Franklin e Albert Eisten), e então os relógios vão ligando um a um os eletrodomésticos da casa: rádio, cafeteira, TV (que mostra a notícia de um carregamento de plutônio roubado por um grupo terrorista), torradeira e um braço robótico que abre uma lata de comida de cachorro e despeja num recipiente ainda cheio. A porta é aberta e a câmera foca na altura do joelho de um jovem, que entra no local chamando um tal de “Doc”. Acompanhamos seus tênis Nike brancos com swoosh (símbolo, marca) vermelho e calça jeans, ele joga seu skate embaixo de uma cama onde o mesmo bate em uma caixa… de carregamento de plutônio. Um amplificador é ligado e os botões vão todos sendo colocados no volume máximo. Um cabo é ligado a uma guitarra amarela, com o volume também ajustado no máximo e a câmera finalmente abre mostrando o tamanho da caixa de som, mas o tal rapaz está de costas para a câmera usando óculos escuros. Ele pega uma reluzente palheta e leva de encontro às cordas do instrumento que faz com que a potência do som o arremesse para longe, batendo em uma prateleira que cai sobre o jovem. E só então, após tirar os óculos escuros, vemos o rosto do protagonista, Marty McFly (Michel J. Fox) que recebe uma ligação do seu amigo Doc Brown (Christopher Lloyd) após todos os relógios dispararem ao mesmo tempo. Ele descobre que está atrasado para a escola (os relógios estão 25 minutos atrasados) e sai de lá embalado ao som de “The Power of Love”, de Huey Lewis and the News, (canção composta especialmente para o filme - chegou a ficar em 1º lugar na Hot 100 da Billboard e ainda ganhou uma indicação ao Oscar de melhor canção), pegando a “traseira” dos carros enquanto vamos conhecendo a pequena cidade de Hill Valley.
Um dos maiores filmes da cultura pop completou 30 anos no mês de julho. Em 3 de julho de 1985, De Volta Para o Futuro estreava nos cinemas norte-americanos (o primeiro de uma trilogia). E o ano em que Marty aparece no futuro, (Dia 21 de outubro de 2015, às 4:29 da tarde ) está chegando!
E diferente das outras edições não vou contar o enredo do filme (só alguns detalhes... deu vontade de assistir de novo não é?), até porque é um clássico e isso tudo que é mostrado nos primeiros minutos que relatei acima será importante para a trama em algum momento, mas você só vai saber disso quando realmente assistir ao filme pela segunda, terceira ou décima vez (talvez até consiga captar alguma coisa da primeira vez, mas eu te garanto que não conseguirá ver uma única vez). É isso que torna De Volta Para o Futuro cada vez melhor, mesmo 30 anos depois do seu lançamento!
Produzido por Steven Spielberg e dirigido por Robert Zemeckis, roteirista também ao lado de Bob Gale, sem falar no elenco que dispensa comentários: Michael J. Fox, Christopher Lloyd, Lea Thompson, Crispin Glover e Thomas F. Wilson.
Uma máquina do tempo, construída a partir de um DeLorean (sim aquele carro em que as portas abrem para cima), repleto de referências e de homenagens, como quando Marty McFly conecta sua guitarra ao amplificador (na cena inicial descrita lá no início), aparece um letreiro com a sigla CRM 114. As letras são o nome do decodificador que aparece em “Doutor Fantástico” e os números se referem ao código de exploração de Júpiter em “2001 – Uma Odisseia no Espaço” (dois filmes dirigidos por um dos grandes gênios do cinema, Stanley Kubrick). E claro por que não agradar a gregos e troianos? Apesar de haver certa rivalidade entre os fãs de “Star Wars” e “Star Trek”, a homenagem às duas sagas é uma unanimidade. Em 1955, McFly se apresenta como Darth Vader ao seu pai para convencê-lo a ir ao baile e de quebra, faz a saudação Vulcana (“Vida longa e próspera”- Spock). Marty homenageia diversas lendas do Rock em sua icônica performance de "Johnny B. Goode": pula numa perna como Chuck Berry; desliza como Pete Townshend do The Who; toca atrás da cabeça como Stevie Ray Vaughan; e termina o show com um solo inspirado em Jimi Hendrix e Van Halen.
Para aquele que viu (ou ainda vai ver) e se apaixonou por ele, mas que, acima de tudo, notou desde cedo (e mesmo quando criança) a relevância da história contada. Um filme que, de uma forma delicadamente infantil porém não tola, (que saudade dos filmes dos anos 80!) estimulava nossa imaginação e a reflexão sobre o que realmente importa. No fundo, todos nós sonhamos com a possibilidade de mudar as escolhas que não deram certo, ou pelo menos de saber como seriam (alguém tem um DeLorean para vender?).
“Your future is whatever you make it. So make it a good one” - Doc Brown.